quinta-feira, 26 de abril de 2007

Sátira: Os últimos 100 anos da AE ISEG

Este blog diz logo no seu cabeçalho "um blog ao estilo de Artur Albarram". E isto, porque desde a sua fundação, a AE ISEG tem sido palco dos maiores escândalos e horrores de que há memória no ensino superior em Portugal e no mundo!

... bem, no mundo talvez não, porque o que se passa na Coreia do Norte, Suazilândia ou Burkina Faso é da conta deles e digamos que nestes países, não existem muitos "enviados especiais" capazes de trazer as notícias mais fresquinhas!

Seja como for, a tua AE (tua, salvo seja! há quem a queira só para si) é uma AE já com muitas histórias para contar, fruto da sua longa existência. Vamos ao cronograma:

Início: ninguém sabe ao certo quando foi fundada. Mas quem a fundou, já na altura devia ter-se perguntado "onde eu me meti?" à data da primeira Guerra Mundial (1914 a 1918), o ISEG já tinha sido criado (23 de Maio de 1911). Mas ainda não nos podiam acusar de sermos nós, os responsáveis pelo mau estado económico do país... é que na altura ainda não existiam os cursos de economia ou gestão!

1928-1929: Este período dá-nos o primeiro documento oficial da AE ISEG, na altura, AE ICL (Instituto Comercial de Lisboa). Dois anos após a implementação da ditadura militar, os dirigentes AE, fogem para o Brasil, com viagens oferecidas pela Abreu (desde 1884). Os finalistas dos cursos manifestam-se em frente da AE e pilham as suas instalações. Começa aqui a má fama da AE ISEG...

1933: Salazar instaura o Estado Novo. No então ISCEF, chora-se de alegria! A AE dá uma mega festa para festejar o início da censura. A direcção da altura podia dar os desfalques que quisesse, pois nada viria a público! Um concerto com o Coro do Seminário de Lisboa custa perto de 5 contos, uma fortuna! A AE é patrocinada pelo Estado Novo, e começam as ligações com a Santa Sé. A PIDE prende os opositores da AE ISCEF e manda-os para o Tarrafal. Durante os quinze anos seguintes, a direcção da AE governa sem oposição.

1934: Regresso dos Dirigentes que haviam ido para o Brasil. O buraco financeiro que deixaram na AE, foi tapado pelo patrocínio do Governo de Salazar. Em declarações ao jornal "O Século", os ex-dirigentes disseram: "Caipirinha é uma bebida que vai fazer sucesso no futuro!"

1935: É fundado a fábrica da caipirinha da Madragoa. Dizem que as instalações foram cedidas pela Santa Sé a pedido da AE ISCEF. A corrupção é abafada pela censura do Estado Novo.

1939: Ano da Segunda Guerra Mundial. Os dirigentes da AE ISCEF fogem para o Brasil. É já a segunda fuga. A viagem foi oferecida novamente pela Abreu. Mas no ISCEF, diz-se que fugiram com fundos da AE (cerca de 4 contos). A PIDE invade a escola e detém Joaquim Montanelas, um líder político afecto ao POC, Partido dos Operários Comunistas. Os cães pideanos encontram-no dentro de um armário da AE ISCEF, em trajes menores, abraçado a uma venezuelana que tinha fugido da Alemanha Nazi. Estoira a bomba na faculdade!

1940: A AE ISCEF recompõem-se do escândalo ao conseguir um donativo de 30 barras de ouro nazi, dois quilos de malaqueta de Goa, e missangas da província de Cabinda em Angola. Os Dirigentes da AE ISCEF, são reconduzidos a mais um mandato. O Benfica vence o campeonato e a bolsa de valores de Lisboa dispara! É um ano de glória para o ISCEF. Todas os camponeses querem que os seus filhos vão estudar administração, o curso da moda a seguir ao de medicina, direito e engenharia. Claro que o curso mais popular é o de professor.

1945: Termina a segunda Geurra Mundial. A AE ISCEF fecha as portas durante 3 anos. O objectivo é guardar as barras de ouro. Os dois quilos de malaguetas forma consumidos dois anos antes, numa mega feijoada brasileira, para acolher o primeiro estudante estrangeiro: o brasileiro Nélson de Pernanbuco.

1948: Ao reabrirem a AE ISCEF, descobre-se que os dirigentes de então haviam levado consigo as 30 barras de ouro. Nada se pode fazer para incriminá-los, pois são agora ministros de Salazar. A AE ISCEF entra em "coma" profundo.

1955: A AE ISCEF reabre para organizar uma equipa de futebol. O Sporting já há três anos que ganhava o campeonato, e os alunos antevendo a crise económica que resultaria em Portugal se a situação continuasse, resolvem agir.

1956: A AE ISCEF não passa do campeonato distrital. Não existem fundos suficientes para assegurar a subida de divisão. O desânimo apodera-se da escola. A AE é pilhada. São levados dois candeeiros, uma máquina de escrever sem teclas e três funcionários. A PIDE invade a escola. São detidos 43 alunos e dois professores que se manifestavam contra mais uma vitória do Sporting no campeonato.

1957: A saída dos três funcionários leva à recuperação da AE ISCEF. Os dirgentes de então dão uma mega festa no Instituto. São gastos cerca de 15 contos. A PIDE invade as instalações e detém o presidente da AE.

1957 (novamente): è organizada uma enorme manifestação contra a prisão do presidente da AE ISCEF. Corre o rumor que a AE ISCEF teve de pagar 1 conto a cada participante para pegar numa tabuleta e arrsicar-se a levar com o "cacetete" da PIDE. Como aderiram 24 alunos e 5 eram dirigentes associativos, façam as contas...

1960: A guerra colonial inicia mais um processo de viragem na AE. Depois dos últimos desfalques, inicia-se um processo de aumento dos preços e redução das despesas. Os alunos apelidam a direcção de traidores e oportunistas. A PIDE invade novamente as instalações. Detém dois ciganos que estavam com a carroça mal estacionada.

1965: A AE ISCEF, depois de cinco anos bem gerida, alimenta a cobiça dos alunos para tornarem-se seus dirigentes. O POC dá origem ao PCP, o Partido Capitalista Português. Este partido é a favor da expansão comercial da AE. Depois de vencerem as eleições, a AE passa de 10 a 150 funcionários, com a anexação das cantinhas, bares, secção de folhas, livraria, gráfica, e Conselho Directivo.

1966: Um erro na denominação do partido à frente da Direcção da AE ISCEF, leva à redefinição das suas políticas. Afinal PCP significava Partido Comunista Português. O livro de Álvaro Cunhal só agora chegava ao ISCEF. É de desanexado o Conselho Directivo. São libertados o seu presidente e as suas 29 secretárias. A AE ISCEF passa a ter 120 funcionários.

1968: Salazar afasta-se do poder. Sobe Marcelo Caetano. Dá-se o primeiro jantar/comício pago pela AE ISCEF para comemorar o sucedido. Custa 20 contos, e tem a presença dos camaradas Joaquim, operário na Lisnave, Manel, carpinteiro, António, metalúrgico e Maria, dona de casa.

1970: A luta contra o regime é intensa. Os movimentos esquerdistas no ISCEF são activos e bastante numerosos. Degrada-se cada vez mais as relações com o Estado Novo. A PIDE invade as instalações. Mata-se um estudante a tiro, e levam-se as pinturas de Che Guevara, Mao Tse Tsung e Alvaro Cunhal. O busto em porcelana de Marx é partido. A estátua de Lenine é enterrada algures na escola.

1974: Fim da ditadura! O ISCEF está em festa! Canta-se liberdade por todos os sítios. Dá-se uma grande festa que junta Vitorino, Zeca Afonso e Sérgio Godinho. Com um custo de 200 contos, e muita confusão à mistura, a direcção da AE foge com os cofres. A junta de salvação nacional inicia a perseguição contra os dirigentes associativos.

1975: A AE ISCEF entra pela 23ª vez em crise. É capa no Diário de Notcías. A RTP dirige-se pela primeira vez às instalações da AE. Sérgio Godinho faz greve de fome e Vitorino ameaça rapar o bigode se não receberem o dinheiro do concerto!

1976: A AE ISCEF é nacionalizada. O Estado paga todas as suas dívidas. Os crimes dos antigos dirigentes são perdoados.

1981: Forma-se a AE ISE (Instituto Superior de Economia). Um ano antes, a AE volta a funcionar. Sem dívidas e com instalações cedidas pelo Conselho Directivo.

1986: O Papa Joãp Paulo II visita a AE ISE, a AE mais conhecida em todo o mundo. O Papa pede a benção ao então presidente.

1990: Na queda do Muro de Berlin, é o presidente da AE ISEG a dar a primeira machadada. Convidado de honra do governo alemão, a imprensa em Portugal questiona-se sobre o motivo pelo qual Mário Soares não fez parte da comitiva. Surge o rumor que a AE ISEG está sob comando do PSD.

1991: Escândalo no ISEG! Descobre-se que os fundos que a AE recebe do Governo de Cavaco Silva, se devem a favores políticos. A Bolsa Portuguesa entra em queda e a AE abre o primeiro processo de falência.

1992: No julgamento mais rápido da história, as direcções da AE ISEG são absolvidas. O juíz era amigo pessoal de Cavaco...

1994: O benfica é campeão! A equipa de futebol do ISEG sagra-se campeã do campeonato universitário! A direcção da AE convida 69 elementos para um mega jantar e uma ida a uma casa de stripp.

1995: A AE mergulha novamente em crise. São contratados dois funcionários para recontarem trocos. Um deles, processa a AE ISEG por não lhe dar formação profissional.

1999: Prestes a entrar no novo milénio, são deitados fora 24 computadores da década de 80. Em RGA, pede-se a cabeça da direcção. A direcção desculpa-se dizendo "nós oferecemo-los a uma aldeia em Trás-os-Montes, duas na Beira Baixa e 15 nos Açores, mas o engenheiro Guterres chegou primeiro com o seu projecto de um computador por escola"

2000: Em sinal de protesto pela medida de Guterres, a RGA hasteia a bandeira do PSD nas instalações do ISEG.

2001: Crise no Governo de Portugal. Guterres abandona. A AE ISEG dá um jantar/comício para 300 pessoas. São gastos 3000 contos. O Iran Costa actuou gratuitamente.

2004: A crise volta à AE ISEG. O investimento realizado na década de 90 não foi rentável. As fotocopiadoras estão sempre a avariar. Compram-se mais quinze...

2006: É caos! A Lista W vence as eleições e descobre o apocalipse! A AE está em falência. Os alunos exigem uma liderança conjunta entre as duas listas que se apresentaram a eleições! Só isto poderá salvar a AE. Descobre-se que desapareceram três fotocopiadoras velhas e avariadas! A notícia vem na capa do público! A estátua de Lenine continua enterrada no ISEG à espera de melhores dias...

2007: O ano ainda não acabou! Se achas que já viste tudo, pelo historial que te apresentámos, ainda não viste nada! Prepara-te, porque as histórias sobre a melhor associação do mundo, vão continuar a surgir...